Extremo a ser vencido
Quero falar com você sobre um outro extremo, que também precisamos superar, que é justamente o mais comum em nosso tempo. Existe uma doença, um vírus, que contaminou praticamente nossa sociedade toda, que é odesprezo do espírito e a supervalorização do corpo. Temos que vencer esse outro extremo que está muito presente na sociedade atual, que supervaloriza o corpo, o sexo, o prazer, a idolatria da beleza, o culto do corpo e o desprezo da dimensão espiritual do ser humano, e daqueles valores espirituais que realmente fazem o ser humano ficar de pé.
Perigos em nosso meio
A sociedade atual, ao cair nessa supervalorização do corpo, cai justamente no hedonismo (prazer acima de todas as coisas), e também no utilitarismo (fazer da pessoa unicamente um objeto para o seu prazer). E nessa mentalidade da sociedade, esses extremos nos levam a pensar da seguinte maneira: “o que me dá prazer é bom, e o que não me dá prazer não é bom”, “tudo pode, nada é pecado”. E nós sabemos que na vida, nem tudo aquilo que é prazeroso é bom, e nem tudo aquilo que não é prazeroso é ruim, por exemplo: quem gosta de uma injeção? Ninguém tem prazer nisso, você vai porque isso te trará um benefício para a sua saúde, para sua recuperação. Agora, se eu perguntasse quem gosta de batata frita, lanche, refrigerante? São alimentos muito calóricos, porém são prazerosos, e nós sabemos que não fazem bem para a nossa saúde, ou seja, essa é a mentalidade que se instalou na sociedade atual, supervalorizando o prazer, não sabendo lidar com o dever, o sacrifício e a renúncia. Esses elementos espirituais são importantes para a nossa realização humana.
Ambiente de idolatria
E para alimentar e sustentar isso, a sociedade nos diz: “temos que fazer e adquirir posturas libertárias para vencer aquela mentalidade retrógrada, ultrapassada, conservadora, inclusive que a Igreja Católica quer impor, que os cristãos católicos querem impor em nossa sociedade”, é isso que nós ouvimos.
Na verdade, essa mentalidade do desprezo do espírito e a supervalorização do corpo, cria um ambiente de idolatria também do corpo e do sexo, porque o corpo e a relação sexual nesse ambiente é exaltado no mais alto grau, por exemplo: a televisão, seus programas, se não estiver expondo o corpo ou o sexo, parece não dar tanto “ibope”, é preciso muita sacanagem, conversas sobre a relação sexual, se uma novela não explora o corpo, não explora o sexo, a beleza feminina, parece não dar audiência, ou seja, é a supervalorização.
Não podemos ignorar
E esse é o sinal, o sintoma, justamente da sociedade que supervaloriza o corpo, o sexo, o prazer, e despreza o espírito, despreza as dimensões espirituais. Neste contexto, a pessoa humana é “coisificada”, é tratada como um animal, porque nesta mentalidade, a pessoa diz para si mesma:“caiu na rede é peixe”, “se me dá prazer estou dentro”, “essa história de castidade não é para mim”. Você não é animal, mais sim um homem, uma mulher, você tem inteligência, vontade, têm a capacidade de autodeterminação, de escolher, você é um ser humano que tem uma dimensão espiritual. É necessário preservar essa dimensão espiritual, ou seja, não podemos esquecer que o ser humano possui uma alma imortal, um mundo espiritual dentro de si, que não pode ser menosprezado, não pode ser ignorado.
Está tentando nos contaminar
E esse vírus está até mesmo dentro da Igreja, onde a gente não fala mais sobre a santidade, castidade, pureza, porque já não acreditamos que isso é possível, que isso é para o nosso tempo, fomos tão atingidos por esse vírus do “liberou geral”, que temos até medo de incomodar as pessoas, muitas vezes negando em falar a verdade, NÃO! É necessário vivermos também a tarefa, ou seja, o dom e a tarefa caminham juntos, o problema do puritano é que ele apenas consegue enxergar o dever, e não vê o dom. E qual é o problema de uma pessoa do “liberou geral”? Ela só vê o dom. “Ah! Deus me deu tenho que aproveitar”. Mas ele não quer assumir o dever e a tarefa de orientar a sua sexualidade, de guardar o seu corpo, sua santidade, seu equilíbrio. Esse mundo espiritual dentro de nós não pode ser desprezado, o corpo não é um objeto, até o ato sexual não é apenas um ato de corpo para corpo, é um ato entre pessoas, a relação sexual não é um encontro apenas de corpos, mais sim um encontro de pessoas, um encontro de almas.
Corpo e alma na sua totalidade
Jamais podemos desconsiderar isso.
Esses dois extremos: o puritanismo e o “liberou geral”, precisam ser combatidos. Primeiramente, seguindo o caminho de São João Paulo II, criando assim uma visão correta do corpo. É necessário transcender os opostos, isso significa você assumir a sua condição humana, na sua totalidade: corpo e alma.
O nosso desafio
É a integração!
Integrar corpo e alma na totalidade da pessoa.
Qual é o problema do puritano e do “liberou geral”? Segundo São João Paulo II eles partiram da mesma visão redutiva de ser humano, não conseguem integrar corpo e alma na pessoa.
É isso que Teologia do Corpo nos ajuda a recuperar, a visão correta sobre o mistério da corporeidade humana, e entendendo isso, nós entendemos a profundidade da sexualidade humana, o amor.
Por isso, que sem dúvida alguma a Igreja considera a Teologia do Corpo de São João Paulo II, como uma via positiva, para que nós apresentemos aos homens e as mulheres do nosso tempo, a visão correta sobre a sexualidade humana, sobre o corpo humano e sobre o ato sexual.
Deus abençoe!
Salve Imaculada!